# 5083



Um dia não faz falta quando se mistura com os outros dias.

A day isn't missed when it's mixed in with the other days.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Vera Fernandes

# 5082



Mergulhemos juntos neste rio de águas passadas.

Let's dive into this river of past waters together.

Texto | Text: Joana M. Lopes
Fotografia | Photography: Sonia Simbolo

# 5081



Considera-me uma versão descontinuada da vida. Ainda te queres esgotar em mim?

Consider me a discontinued version of life. Do you still want to exhaust yourself on me?

Texto | Text: Sandra Francisco
Fotografia | Photography: Frankie Boy

# 5080



As palavras também dormem e os silêncios também falam.

Words also sleep and silences also speak.

Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Maraia

# 5079



Aprendeu a arte de evaporar lágrimas, porque é mais leve ser nuvem do que mar.

He learned the art of evaporating tears, because it's lighter to be a cloud than a sea.

Texto | Text: Joana M. Lopes
Fotografia | Photography: Linus Wincenth

# 5078



Não tenho pressa, mas também não tenho tempo.

I'm not in a hurry, but I don't have time either.

Texto | Text: Maria João Faísca
Fotografia | Photography: Ana Martins

# 5077



À nossa procura, percorremos labirintos.

In search of ourselves, we walked through labyrinths.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: José Luís Jorge

# 5076



Quando for grande quero escrever, até que a caneta rebente e a tinta me suje as mãos e, com as mãos pintadas, faça arte sobre os erros.

When I grow up I want to write until the pen bursts and the ink gets on my hands and, with painted hands, I make art out of mistakes.

Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Jelena Stankovic

# 5075



Que venhas, então, em urgência, pois o tempo pesa em mim.

May you come urgently, then, because time is weighing on me.

Texto | Text: Sofia Melo Esteves
Fotografia | Photography: Mariana Costa

# 5074



Malha singapura
Ser leiloada para ti durante horas
até o corpo me parar em corrente de malha singapura.
Uma oligarquia virginal mas nada débil.

Singapore chain
To be auctioned for you for hours
until the body collapses in singapore-chain bonds.
An oligarchy: virginal yet not weak.

Texto | Text: Ana Sofia Elias
Fotografia | Photography: Anna Papachristou

# 5073



Por hoje, chega de prosa. Se me quiseres, transforma-te em poesia.

That's enough prose for today. If you want me, turn yourself into poetry.

Texto | Text: Sandra Francisco
Fotografia | Photography: Sílvia Bernardino

# 5072



Deus construiu o mundo com banalidades. Delas, fez-se o extraordinário.

God built the world with banalities. From them, the extraordinary was made.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: A. M. Catarino 

# 5071



Assassinato piedoso

Música como pisa-papéis
Esmaga e ordena a rotina.


Merciful murder

Music as paperweight
Crushes and clears up routine.

Texto | Text: Ana Sofia Elias
Fotografia Photography: Vanda Cristina

# 5070



Tenho corações nas pontas dos dedos. Todos eles batem: por mais de mim.

I have hearts on my fingertips. They all beat: for more of me.

Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Anne-Laure Guéret

# 5069



Eu não quero ser uma sardinha numa lata. Quero ser um peixe com asas e, se possível, mágicas.

I don't want to be a sardine in a can. I want to be a fish with wings, magical ones if possible.

Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Pedro Martins

# 5068



A pele nunca adormece.

The skin never sleeps.

Texto | Text: Ana GIlbert
Fotografia | Photography: Panos Chatzistefanou

# 5067



Às vezes é preciso usar a distância: em passos ou silêncios.

Sometimes you have to use distance: in steps or silences.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Rui Santos

# 5066



Quando a boca não fala, o espírito traz ao corpo o que está calado.

When the mouth does not speak, the spirit brings to the body what is silent.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Ana Margarida Lopes

# 5065



Brasileira

Comes uma nata na esplanada da Brasileira
Como quem desvenda um enigma metafísico
Que te ficou colado nos dentes
Olhas o Pessoa de perna cruzada
Fundido em bronze
Inerte
E muita gente que lhe tira retratos
E se senta na mesa ao lado
Sem ser convidado
Atrás, na soleira de um banco
Está deitado um sem abrigo
Jovem
Fuma um cigarro ontológico
É um nada que se estende
Sem casa nem morada
Não há epistemologia que o salve
Só um poeta morto
Inútil
De costas voltadas
Tão estrangeiro como ele.


Brasileira

You eat a custard tart on the terrace of the Brasileira
Like someone unraveling a metaphysical riddle
That's stuck in your teeth
You look at Pessoa cross-legged
Cast in bronze
Inert
And lots of people taking portraits of him
And sit at the next table
Uninvited
Behind, on the threshold of a bench
A homeless man lies
A young man
Smoking an ontological cigarette
He's a nothing that stretches out
With no home or dwelling
No epistemology can save him
Just a dead poet
Useless
With his back turned
As foreign as he is.

Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: António Carreira

# 5064



Por quanto tempo consigo suspender os meus sonhos?

For how long can I bear to suspend my dreams?

Texto | Text: Ana Gilbert
Fotografia | Photography: Linus Wincenth

# 5063



As memórias são apenas uma outra forma de pensamento.

Memories are just another form of thought.

Texto | Text: Paulo Kellerman
Fotografia | Photography: Sonia Simbolo

# 5062



Viver
verbo
imprevisível

ser
estar
permanecer

sou verbo
(in)flexível


Living
verb
unpredictable

be
stay
remain

I am a verb
(in)flexible

Texto | Text: Cris Ferreira
Fotografia | Photography: Mia Depaola

# 5061



Cóccix

Atraída* pelos* odorantes*
da* tua* mão* no* meu* cóccix*
viro* o* pescoço* para* ver*
a* curva* lombar* rematada* pelos* teus* asteriscos*
em* arrepio* quente*


Coccyx

Drawn* by* the* smell*
Of* your* hand* in* my* coccyx*
I* tilt* my* neck* to* see*
the* lumbar* curve* locked* by* your* asterisks*
in* a* hot* frisson*

Texto | Text: Ana Sofia Elias
Fotografia | Photography: Carolina Geiger

# 5060



A cada instante, a eternidade...

At every moment, eternity...

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Panos Chatzistefanou

# 5059



Tenho corações nas pontas dos dedos. Todos eles batem: por mais de mim.

I have hearts on my fingertips. They all beat: for more of me.

Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Ana França

# 5058



Viver
verbo
imprevisível

ser
estar
permanecer

sou verbo
(in)flexível


Living
verb
unpredictable

be
stay
remain

I am a verb
(in)flexible

Texto | Text: Cris Ferreira
Fotografia | Photography: Silke Schönborn

# 5057



Tão longe do adeus e tão perto do nada.

So far from goodbye and so close to nothing.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Clément Thuault

# 5056



De sombras e sóis são feitos os dias. E nós.

From shadows and suns, days are made. And we.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Laetitia Graber

# 5055



E por vezes
No espaço circunscrito do meu jardim
Olho para o céu
E finjo ouvir o mar
Para ser mais suportável o dia

And sometimes
In the confined space of my garden
I look at the sky
And pretend to hear the sea
To make the day more bearable

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Kate Hrynko

# 5054



Caem as cortinas. Caem as máscaras. Caem as folhas. As estações passam, a vida prossegue. Ciclicamente... Renovamo-nos na esperança da permanência.
Mas nada é nosso... nem a vida.

The curtains fall. The masks fall. The leaves fall. The seasons pass, life goes on. Cyclically... We renew ourselves in the hope of permanence.
But nothing is ours... not even life.

Texto | Text: CristinaVicente
Fotografia | Photography: Maraia

# 5053



À nossa procura, percorremos labirintos.

In search of ourselves, we walked through labyrinths.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Anne-Laure Guéret

# 5052



Até no céu mais carregado se desenha um arco-íris.

Even in the heaviest of skies, a rainbow can be drawn.

Texto | Text: Andreia Azevedo Moreira
Fotografia | Photography: Theo Bunge

# 5051



Se não nos permitirmos sonhar, como se vive o amor?

If we don't allow ourselves to dream, how can we live love?

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Marta Duarte (Anatomy of the Unlost)

# 5050



Dança, que o corpo descongela, o coração aquece e a alma reencontra-se.

Dance, and the body will unfreeze, the heart will warm up and the soul will find itself again.

Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Sonia Simbolo

# 5049



Um dia não faz falta quando se mistura com os outros dias.

A day isn't missed when it's mixed in with the other days.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Linus Wincenth

# 5048



Sinto que invado as tuas memórias com o meu cheiro.
E gosto.
Sinto o teu toque quando desenhas na tua memória os meus tornozelos.
E gosto.
Sinto um tremor quando descreves minuciosamente o contorno dos meus mamilos.
E gosto.
Quero acabar com as tuas memórias.
Quero fazer nascer as nossas.

I feel like I'm invading your memories with my scent.
And I like it.
I feel your touch when you draw my ankles in your memory.
And I like it.
I feel a tremor when you minutely describe the outline of my nipples.
And I like it.
I want to end your memories.
I want to give birth to ours.

Texto | Text: Renata Barbosa
Fotografia | Photography: Nadir Social Lens

# 5047



Eu não quero ser uma sardinha numa lata. Quero ser um peixe com asas e, se possível, mágicas.

I don't want to be a sardine in a can. I want to be a fish with wings, magical ones if possible.

Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Diana V. Almeida

# 5046



Até no céu mais carregado se desenha um arco-íris.

Even in the heaviest of skies, a rainbow can be drawn.

Textp | Text: Andreia Azevedo Moreira
Fotografia | Photography: Gunlög Mjörnheden

# 5045



Viver
verbo
imprevisível

ser
estar
permanecer

sou verbo
(in)flexível


Living
verb
unpredictable

be
stay
remain

I am a verb
(in)flexible

Texto | Text: Cris Ferreira
Fotografia | Photography: Geralda de Graaf

# 5044



Na imensidão do céu, tricotamos os dias com fios remendados.

In the immensity of the sky, we knit the days with patched threads.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Marcelo Celeste

# 5043








Cais do Ginjal

I

Junto a velhos carris cravados nas lajes do cais do Ginjal
De vagões desativados
E murais com retratos de homens de rosto duro e olhos de carvão
Grafitados nas paredes
E que me ignoram
Caminho desengonçada como quem se procura a si mesma
Uma indígena suburbana de saias levantadas e pernas enfiadas
Numas botas
Beges
Sujas e desajustadas
Nas orelhas umas argolas largas e prateadas
Que fazem um estranho barulho batidas pelo vento
Como música esquecida de um continente
De onde fui deportada

II

Nas grandes estruturas navais
Enferrujadas pelo tempo e esquecidas pela ganância dos homens
A mente pendurada num áspero cordão de aço
Observo o que resta de uma grande herança de homens pescadores
Sentados em bancos e nos pontões
Lançam ao rio espetados em anzóis
Sonhos, quimeras, mágoas, desalentos
Em canas curvadas e gastas pelas horas
E uma vida inteira fechada dentro de uma lata
Como conserva que azedou

III

Nas falésias casas amontoadas em ruínas
Como uma memória em escada
Sem vidros nem olhos nas janelas
Profundas como um abismo
Portas entijoladas com restos de madeira desventradas
Paredes como telas decadentes, cheias de palavras pintadas
Pisos com histórias desmoronadas
E no chão um bosque de gente esquecida
Silvas e arbustos que crescem como um caos
Pelo meio o espectro de uma árvore magnífica
Cheia de frutos rubros como ginjas maduras
Escorrem sonhos viscosos e traídos
Com um perfume que nos embebeda os sentidos

IV

Entalada num pórtico elevatório de barcos
Os pés como rodas sobre barras de ferro que descarrilaram
E ficaram estacionadas no cais do esquecimento
Escuto sons metálicos que ficaram guardados no leito do rio
Mulheres de passo apressado com cestas cheias de artroses na cabeça
Ancas largas, seios fartos e saias rodadas
E um pescoço que ficou torto pelo peso da existência
Espalhados pelo chão como um teatro de sombras
Homens com a alma embarcada em grandes arrastões
Camisas de tecido grosso arregaçadas
Cheios de sal e escamas nos braços que brilham como prata
Um sabor a vinagre na boca
São como páginas de um livro que alguém escreveu
E sepultou nas águas

V

Presos por cordas nos velhos atracadouros
Alinhados no paredão como espectros de ferro
Canoas, fragatas, faluas como navios fantasmas
Velas recolhidas e passageiros em terra
São como uma gigantesca manifestação do passado
Amontoada sobre o cais
Os rostos iluminados pela dourada luz do pôr-do-sol
Como uma despedida
Ficam a olhar petrificados o estranho trânsito fluvial
Cheios de veleiros e embarcações de luxo
Com gente sorridente que lhes acena com a mão

VI

Nas cadeiras desmembradas e atadas com panos
Espalhadas nas grandes plataformas junto a um terminal
Com corpos afundados nos estofos gastos
Sinto-me como Briseida a contemplar o horizonte
Sequestrada como um troféu na guerra de Tróia
Entregue como despojo aos caprichos de um guerreiro
Deixo-me ir na corrente na superfície a boiar
Como uma anémona indiferente
Até desaparecer na foz
Para trás a flutuar gentilmente com boias de salvação
Um Cacilheiro velho
E um Mestre cansado de navegar
Liga o motor para alcançar a outra margem.


Ginjal Pier

I

Next to old rails embedded in the slabs of the Ginjal pier
Of decommissioned wagons
And murals with portraits of men with hard faces and charcoal eyes
Graffitied on the walls
And who ignore me
I walk awkwardly like someone looking for herself
A suburban indigenous woman with her skirts up and her legs tucked in
In boots
Beige
Dirty and mismatched
In her ears, wide silver rings
That make a strange noise when the wind hits them
Like forgotten music from a continent
From where I was deported

II

In the great naval structures
Rusted by time and forgotten by the greed of men
My mind hangs on a rough steel cord
I observe what remains of a great heritage of fishermen
Sitting on benches and piers
Throwing hooks into the river
Dreams, chimeras, sorrows, discouragements
On reeds bent and worn by the hours
And a lifetime locked up in a can
Like preserves that have gone sour

III

On the cliffs houses heaped in ruins
Like a memory on a staircase
Without glass or eyes in the windows
Deep as an abyss
Doors hinged with the remains of gutted wood
Walls like decaying canvases, full of painted words
Floors with crumbling stories
And on the ground a forest of forgotten people
Brambles and bushes that grow like chaos
In the middle the spectre of a magnificent tree
Filled with fruits as red as ripe sour cherries
Slimy, betrayed dreams drip down
With a perfume that drenches our senses

IV

Trapped in a boat lifting gantry
Feet like wheels on iron bars that have derailed
And were parked on the quay of oblivion
I hear metallic sounds that have been stored in the riverbed
Women in a hurry with baskets full of arthritis on their heads
Wide hips, full breasts and swirling skirts
And a neck that was twisted by the weight of existence
Scattered across the floor like a shadow theater
Men with their souls on large trawlers
Thick fabric shirts rolled up
Full of salt and scales on their arms that shine like silver
A taste of vinegar in the mouth
They're like pages from a book that someone wrote
And buried in the waters

V

Bound by ropes on the old moorings
Lined up on the wall like iron spectres
Canoes, frigates, sloops like ghost ships
Sails down and passengers ashore
They are like a gigantic manifestation of the past
Piled up on the quay
Their faces illuminated by the golden light of sunset
Like a farewell
They stare petrified at the strange river traffic
Full of sailing ships and luxury boats
With smiling people waving their hands

VI

On the dismembered chairs tied with cloths
Spread out on the large platforms next to a terminal
With bodies sunk into the worn upholstery
I feel like Briseida gazing at the horizon
Kidnapped like a trophy in the Trojan War
Delivered as spoils to the whims of a warrior
I let myself go in the current, floating on the surface
Like an indifferent anemone
Until I disappear at the mouth
Back gently floating with lifebuoys
An old coxswain
And a Master tired of sailing
Starts the engine to reach the other shore.

Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: Ana Gilbert

# 5042



A minha vida lá se vai acendendo muito devagar.

My life is somehow lighting up very slowly.

Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Elsa Arrais

# 5041



Sinto que invado as tuas memórias com o meu cheiro.
E gosto.
Sinto o teu toque quando desenhas na tua memória os meus tornozelos.
E gosto.
Sinto um tremor quando descreves minuciosamente o contorno dos meus mamilos.
E gosto.
Quero acabar com as tuas memórias.
Quero fazer nascer as nossas.

I feel like I'm invading your memories with my scent.
And I like it.
I feel your touch when you draw my ankles in your memory.
And I like it.
I feel a tremor when you minutely describe the outline of my nipples.
And I like it.
I want to end your memories.
I want to give birth to ours.

Texto | Text: Renata Barbosa
Fotografia | Photography: Elsa Martins

# 5040



Andar irremediavelmente na superficialidade.
Como se a superfície, no seu êxtase, não tivesse um avesso.

Walking hopelessly on the surface.
As if the surface, in its ecstasy, didn't have a reverse side.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: game.animal

# 5039



Viver
verbo
imprevisível

ser
estar
permanecer

sou verbo
(in)flexível


Living
verb
unpredictable

be
stay
remain

I am a verb
(in)flexible

Texto | Text: Cris Ferreira
Fotografia | Photography: Ray Meller