# 3456
Oh indefesos poetas
Que sabendo o fim das coisas
Ainda o tentam apoquentar
E espicaçar, esperando-o
Diferente.
E não venha o mundo com
Alegações que se deve mudar
O processo para ter fins diferentes.
Alguém mais do que os poetas
Para tentar diferente
E conjurar contra a inépcia
Do que leva ao fim de tudo?
Audazes e indefesos poetas
Que amam mais numa vida
E morrem ainda mais vezes.
(Pelo menos morrem mais uma
Vez do que amam).
Acha alguém que não se deve amar
Mais e muito, antes
De morrer?
Acha alguém que viver muito
Não é tanto como viver mais
Por morrer mais vezes?
A maior parte dos poetas
Morrerá mais amante da vida
Do que temerosa da morte.
Por isso mundo e a beleza
Que os tentam iludir,
Convençam-se que não lhes fazem
Favor algum a lhes prestar
Amor ou apartando caminho.
Não se sintam responsáveis
Por não os amarem suficientemente.
Não é fácil amar mais do que a vida.
E não é um castigo
Vos asseguramos.
Texto: Jorge VAz Dias
Fotografia: Ana Martins
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