# 1951



"O telefone tocou, o fixo, naquele tempo, não havia dos não-fixos. Deitada na carpete da sala a ver o aparelho das imagens em movimento com som mesclado pelo toque do aparelho, fez-me descer as escadas num ápice. Uma mancha negra, grande e peluda subia-me pelo regaço. Gritei e sacudi. Numa outra ocasião, o grito (não o de Munch) refletiu-se na banheira.
Anos mais tarde, conheci a Louise e, a Louise tinha uma outra visão para com a aranha que, para além de protetora de insectos, era a representação da mãe, ela também protetora e tecedeira. Cada uma a tecer a teia à sua maneira, cada uma a proteger ao seu jeito. Desde então, deixei de gritar e a incapacidade de destruir teias tão subtis e habilmente construídas tomaram o seu lugar."

Texto: Sandrine Cordeiro
Foto: Artur Gomes

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