"Cingem-me as tuas palavras como o primeiro abraço que me deste e nunca mais senti igual... Lembras-te?
Os teus braços no meu corpo. O meu corpo na coragem. A dispensa das palavras de quem fala pele a pele. Instante que se prolonga, perpetuando na memória o ritmo que faz dançar o coração...
Marcou-se de novo o tempo, uma nova era em que acordava para sonhar.
Regresso ali, sem dar conta, àquele quarto tão cúmplice de nós os dois. Conversas de riso solto, gestos não ensaiados, silêncios rasgados de olhares. De que cor são os meus olhos, Lembras-te?
Mas o tempo tanto traz como leva. E há amores maiores que o tempo, que nos quebram, que nos enchem, tornando-se impossíveis de carregar.
A nossa existência não poderia suprimir a minha. O amor não pode matar para viver.
Passos incontroláveis a retornarem ao mesmo lugar. Autómato de sangue quente, esquecida de mim, comandada por nós. Misturavamo-nos, confundias-me, atropelando a lucidez que num segundo se ergueu e me arrastou de ti.
Agora, percorro-te com os dedos em cada linha que escreves. Respiro as estórias nascidas do que é e foi real, repousando o coração nos sentimentos que mais o fizeram existir.
Define-se assim o amor? Um abraço que não se esquece? Lembras-te?"
Texto: Catarina Vale
Foto: Tânia João
Foto: Tânia João
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