# 1270



"Sinto-te enquanto percorro a distância que insiste em nos separar. Anseio, sôfrega, pelo toque que me desperta de mim. O meu corpo a desejar-te tanto, que todos os meus poros se abrem para te respirar.
Chego... Trémula para te ter... Denuncio-me no teu olhar...
Embrulhas-me no teu abraço que de conforto, num ápice, se transforma em excitação.
E beijamo-nos num beijo que apaga o mundo, como se a fusão das nossas línguas concebesse uma nova realidade.
O nosso amor a ordenar ser celebrado. A minha pele a exigir ser mais na tua. Já nem o ar se atreve a estar mais entre nós.
E estás em mim, como se nunca tivesses deixado de estar. Como se cada movimento teu tivesse sido exaustivamente ensaiado.
Deleitas-te com cada pedaço que insiste em te pertencer.
E vou tão longe, mesmo sem ter a certeza que te levo comigo. Mesmo sem ter a certeza que entendes que há partidas que nunca anunciam a chegada.
E suplico que os segundos em que as tuas mãos me moldam, se estendam em tempo infinito. Que essas mãos nunca larguem as minhas e que seja unicamente nos meus olhos que derrames o prazer de um corpo que sinto mais do que o meu..."

Texto: Catarina Vale
Foto: Maria João Alves

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