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"Sempre fui mulher de trilhar caminhos. Caminhos que desaguam mas que nunca acabam de fluir. Caminhos sem fim e com finais felizes. A ajudar no percorrer dos caminhos, escolho comboios. Sempre adorei comboios. Comboios que nos levam mas que também nos trazem. Nos trazem o mundo pondo-nos nele. Nos levam ao mundo, largando-nos nele. E o quanto aprecio que me deixem em qualquer apeadeiro perdido no mundo. É nesse apeadeiro esquecido que encontro o caminho. O caminho que me leva e que me traz de volta. A linha que não curva, tão reta que não serpenteia de tão traçada que está. Este caminho melancólico ao som do comboio, palpita desenfreadamente a cada paragem, inspirando aventura ao encher o coração de sangue renovado e o pulmão de ar fresco. Este caminho. O que escolhemos ou pelo qual nos deixamos conduzir. A vida. De comboio, a cavalo, de pé na terra e sentimento a voar. A vida. Um mapa complexo de caminhos. Imensamente adoráveis de se viver."

Texto: Renata Barbosa
Foto: Tânia João

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