# 2297



"Entendo agora que toda a dualidade traz em si a vertigem. Da rigidez da forma que se precipita no infinito; da dureza da matéria que se esvai nos poros; da consistência da cor que faz lembrar o tom dos cabelos e leva os dedos a procurá-los em mechas para acariciar, pela incontável vez, as espirais de uma pulsão. Entendo agora porque é que este gesto se demora sempre tanto, quer ficar para sempre. A pulsão é o lugar de ficar, o lugar dos limbos sustentáveis, dos vãos das escadas também. Entendo agora porque é que tenho vertigens desde criança e porque é que elas mudaram quando chegaste."

Texto: Cristina Mamede
Foto: Selma Preciosa

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