# 4997
Taxímetro
Um génio da física conduz um táxi
Parece um Einstein enlouquecido de cabelo branco
Mudo
Tem no rosto uma poeira dourada de galáxias incógnitas
Corridas sem taxímetro que ficaram por fazer
Morreram no fundo dos seus olhos
Desacelerados pelo amor
Um génio da física conduz um táxi
Usa uma camisa de mangas vincadas
Curtas
Engomada com muitos axiomas
Esquecidos
Proposições que deixa cair nos caminhos
Que já conhece de cor
E que percorre todos os dias
Um génio da física conduz um táxi
Como um autómato mecanizado
Estacionado num único ponto com infinitas rectas
Que lhe atropelam a vida
Desfigurada
Como um sopro de mau hálito
Euclides rejeitado de mãos ao volante
Gestos suaves
Medicados
Há uma poeta sentada no banco de trás
Não indica o destino.
Taximeter
A physics genius drives a cab
He looks like a mad Einstein with white hair
Mute
His face is a golden dust of unknown galaxies
Rides without a meter that were left undone
Died in the depths of his eyes
Slowed down by love
A physics genius drives a cab
Wears a shirt with creased sleeves
Short
Starched with many axioms
Forgotten
Propositions he drops on the paths
That you know by heart
And which he takes every day
A physics genius drives a cab
Like a mechanized automaton
Parked at a single point with infinite straights
Running over his life
Disfigured
Like a breath of bad breath
Euclid rejected with his hands on the wheel
Gentle gestures
Medicated
There's a poet sitting in the back seat
He doesn't indicate the destination.
Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: Luana Lessa
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário