# 4021



Para onde vão as vidas que vivemos?
Vão para a pele, para os olhos e para o coração.
Vão para os melhores e para os piores pensamentos.
Vão para o remoinho dos tempos.
Vão para os panos de cozinha já usados, vão para a receita do bolo de uma avó longínqua que já esquecemos.
As vidas vão para o pó das estrelas e para as fábricas de todas as coisas.
Vão para as lágrimas que não choramos, as palavras que não dizemos e os silêncios que tão pouco entendemos.
As vidas que vivemos vão para o puzzle que todos trazemos.
Nele se encaixam.
Nele fazem sentido.

Where do the lives we live go?
They go to the skin, to the eyes, and to the heart.
They go to the best and to the worst thoughts.
They go to the whirlwind of time.
They go to the kitchen cloths already used, they go to the cake recipe of a distant grandmother that we have already forgotten.
Lives go to the stardust and to the factories of all things.
They go to the tears we don't cry, the words we don't say, and the silences we understand so little.
The lives we live go into the puzzle we all carry.
In it they fit.
In it they make sense.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Paula Abreu Silva

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