# 4949



- Ouves o sussurro do tempo?

- Can you hear the whisper of time?

Texto | Text: Ana Gilbert
Fotografia | Photography: Peter A. Gilbert

# 4948



É este o caminho?
É este o caminho.
Sempre que fizeres a pergunta, dá mais um passo.

Is this the way?
This is the way.
Every time you ask the question, take one more step.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: game.animal

# 4947



Que venhas, então, em urgência, pois o tempo pesa em mim.

May you come urgently, then, because time is weighing on me.

Texto | Text: Sofia Melo Esteves
Fotografia | Photography: Carla Sofia Sousa

# 4946



Entregámo-nos ao momento.
A pele, a terra desconhecida.
O afrontamento,
A queda para a aventura.
Antes a poesia havia já sido
Nossa.
O que inventámos juntos

~ ou o futuro
~ ou como estacar o tempo

A saudade essa,
Uma banda sonora
Quando baixo ao sonho
Neste leito sem ti.


We surrendered to the moment.
The skin, the unknown land.
The rush,
The fall into adventure.
Before, poetry had already been
Ours.
What we invented together

~ or the future
~ or how to stop time

That longing,
A soundtrack
When I go down to dream
On this bed without you.

Texto | Text: Jorge VAz Dias
Fotografia | Photography: Anna Papachristou

# 4945



viemos para terminar
o fim deste começo
sem exemplo, apenas uma vez

we arrived to finish
the end of this beginning
with no examples, only once

Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: Elsa Arrais

# 4944



Onde me abrigo das memórias que se recusam a extinguir?

Where can I take shelter from the memories that resist to extinguish?

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Clément Thuault

# 4943



Por que buscas no outro aquilo que não tens?

Why do you seek in others what you don't have?

Texto | Text: Vítor Vieira
Fotografia | Photography: Frankie Boy

# 4942



O passado não é um prólogo; confiar no presente é sempre um novo capítulo.

The past is not a prologue; trusting in the present is always a new chapter.

Texto | Text: Cristina Vicente
Fotografia | Photography: Theo Bunge

# 4941



Frágil. Por favor não abraçar. Risco de colapsar.

Fragile. Please don't hug. Risk of collapsing.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Filo_melita_byn

# 4940



Talvez sonhar seja a primeira forma de existir…

Perhaps dreaming is the first way to exist...

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Clarice Stanger

# 4939



Procura-me nos lugares esquecidos, onde a nossa essência possa, sem receio, despontar...

Look for me in the forgotten places, where our essence can emerge without fear...

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Vilma Serrano

# 4938



Astéria e Leto

Amei-te prodigamente.
Amei-te prodigamente no perímetro overdótico que cabe entre o gostar muito de muito e o tímpano do sol.
O tímpano do sol que te pertencia.
Era de organza toda a prodigalidade do meu amor devasso.

Mas o teu
O teu era pródigo por outros motivos: O tímpano do sol como se em vez de orelhas erguesses dois búzios estetoscópios.
A Yoko Ono disse, experimenta olhar o céu através de um buraco.
E tu experimentaste: O meu corpo, o céu. O céu do meu corpo.

Todos me alcançaram pela materialidade
Tu, ao contrário dos outros; tu, ao contrário de todos, pela estreiteza e celestialidade da trompa de Eustáquio, amaste-me com prodigalidade auditiva.
E é por isso que em todas as viagens de carro eu canto desafinada e desalmadamente sem vergonha ou atrapalhações inibitórias.
Não tenho medo do teu pavilhão auditivo e como uma foca fecho os ouvidos exteriores quando entro no espaço titânico do teu corpo de Céos para ser livre.


Asteria and Leto

I loved you prodigally
Unfolding in the earnest perimeter between my spirited insatiability and the tympanum of the sun
The tympanum of the sun that you borrowed.
Of the prodigality of my lecherous yet uncorrupted love – you only need to know this: it is made of organza.
Your love on the other hand
found its unutterable way into prodigality through the tympanum of the sun as though two stethoscopic sea conchs were erected in lieu of ears.
Yoko Ono once invited us to look at the sky through a hole.
And you did: my body. the sky. the sky of my body.
Materiality: that’s the edge everyone else reached me from.
You, unlike them. You, unlike all others, latched on to me through the Eustachian tube – its narrowness, its celestiality - and loved me with aural prodigality.
Unmatched. Unrivalled.
This is why I find myself singing euphorically and out of tune in every road trip with no hint of awkwardness there to be found.
Your aural pavilion is untriggering and like a seal I plunge into the titanic interstices of your Coeus-like body with my superior ears shut only to be imprinted and free.

Texto | Text: Ana Sofia Elias
Fotografia | Photography: Mariana Costa

# 4937



Habito-me no relevo da solidão onde a liberdade tem os chilreios de pardais.

I settle in the heights of solitude where freedom has the songs of sparrows.

Texto | Text: Cristina Vicente
Fotografia | Photography: Sílvia Bernardino

# 4936





Amor como um Enigma

O amor
permanece um enigma
para muitas pessoas
porque ele pode trazer infinita
alegria para uma pessoa
e um sofrimento devastador
para outra.

O amor
pode acender
instantaneamente
quente e intenso
como um incêncio
e então extinguir-se
num instante
deixando em seu rastro
um deserto de aflição
e luto.

O amor
pode confundir e sobrecarregar
aqueles que lutaram
e falharam nesse trio
clichê-
casamento
separação
divórcio

enquanto testemunham casais
que se apaixonaram jovens
e permaneceram apaixonados
devotados um ao outro
até a morte.

Outros, ainda, vivem sem
essas buscas e escolhem
a abstinência ascética
ou se acomodam com amizades

coloridas.


Love As An Enigma

Love
remains an enigma
to many people
because it can bring infinite
joy to one
and devastating misery
to another.

Love
can flare
instantaneously
hot and intense
as a wildfire
then burn itself out
in a flash
leaving in its wake
a wasteland of woe
and mourning.

Love
can puzzle and burden
those who’ve floundered
and failed in that clichéd
trifecta—
marriage
separation
divorce

while witnessing couples
who fell in love young
and remained in love
devoted to each other
until they died.

Still others do without
such quests and choose
ascetic abstinence
or settle with friendships

with benefits.

Texto | Text: Fred Fullerton
Fotografia | Photography: Ana Gilbert

# 4935



O amor está no interior da terra. Onde vivem as ideias extraordinárias, os monstros fantásticos e as virtudes de que padecem os sábios. O amor é tão pouco o que se diz, é tanto do que se cava. Tenho a esperança de que seja como a árvore. Que respire à superfície.

Love is inside Earth. Where extraordinary ideas, fantastic monsters and the virtues that wise men suffer from live. Love is so not what is said, it is so much of what is dug. I hope it's like the tree. That it breathes on the surface.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Bea Berg

# 4934



Frágil. Por favor não abraçar. Risco de colapsar.

Fragile. Please don't hug. Risk of collapsing.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Carolina Geiger

# 4933



como tens perdido?
e o que perdeste?

sabes do fio invisível?
suspenso após a separação?
inexistente para ti?

de que te esqueces?

amar,
sabes?
sabes, o amor?

(chorando ao espelho
(está tudo na tua cabeça


how have you lost?
what did you loose?

do you know about the invisible thread?
suspended after the separation?
inexistent to you?

what do you forget?

to love,
you know?
you know, love?

(tears rolling at the mirror
(it is all in your head

Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: Laetitia Graber

# 4932



O amor está no interior da terra. Onde vivem as ideias extraordinárias, os monstros fantásticos e as virtudes de que padecem os sábios. O amor é tão pouco o que se diz, é tanto do que se cava. Tenho a esperança de que seja como a árvore. Que respire à superfície.

Love is inside Earth. Where extraordinary ideas, fantastic monsters and the virtues that wise men suffer from live. Love is so not what is said, it is so much of what is dug. I hope it's like the tree. That it breathes on the surface.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Nadir Social Lens

# 4931



Com quantas linhas se constrói uma pausa?

How many lines does it take to build a pause?

Texto | Text: Ana Gilbert
Fotografia | Photography: Joana Neves

# 4930



A cada instante, a eternidade...

At every moment, eternity...

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Gwen Julia

# 4929



À tua espera, passo os dias a inventar razões para o amor.

Waiting for you, I spend my days inventing reasons for love.

Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Gunlög Mjörnheden

# 4928



Entrai de rompante no meu coração
Falai alto e com convicção
Juntai a serenidade existente no mundo
Estendei as mãos aos pássaros
No vosso peito nascerá uma flor eterna
Onde o silêncio embalará o sonho

Burst into my heart
Speak loudly and with conviction
Gather the serenity that exists in the world
Hold out your hands to the birds
An eternal flower will grow in your chest
Where silence will cradle the dream

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Semmada Arrais

# 4927



O passado não é um prólogo; confiar no presente é sempre um novo capítulo.

The past is not a prologue; trusting in the present is always a new chapter.

Texto | Text: Cristina Vicente
Fotografia | Photography: Anna Monica Rigon

# 4926



História Verniana
Somos animais olfactivos.
Não foi amor à primeira vista
foi amor-submarinista.

Vernian Story
Olfactory animals we are.
I don’t think it was love at first sight
It was submarine love.

Texto | Text: Ana Sofia Elias
Fotografia | Photography: Mia Depaola

# 4925



As lembranças inebriam as saudades?

Do memories inebriate longing?

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Teresa Maria dos Santos

# 4924



Reina o absurdo. A paranóia. Definham os sentidos e o sentido das coisas. O tempo já não nos ilude, apenas nos consome.

Absurdity reigns. Paranoia. The senses and meaning of things wither away. Time no longer deceives us, it only consumes us.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Anna Papachristou

# 4923



Perseidas

Decoro e delírio.
Como um díptico, assim emergiu.

Mas depois o sol de Agosto sensualizou este poema e indeferiu.
E eu reescrevi-o como um tríptico: Decoro, delírio e calidez.


Perseids

This was a diptych: decorum and delirium.
Then the August sun overruled.

Triptych it is: decorum, delirium and apricity.

Texto | Text: Ana Sofia Elias
Fotografia | Photography: Michèle Polak

# 4922



É este o caminho?
É este o caminho.
Sempre que fizeres a pergunta, dá mais um passo.

Is this the way?
This is the way.
Every time you ask the question, take one more step.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Silke Schönborn

# 4921



Entrai de rompante no meu coração
Falai alto e com convicção
Juntai a serenidade existente no mundo
Estendei as mãos aos pássaros
No vosso peito nascerá uma flor eterna
Onde o silêncio embalará o sonho

Burst into my heart
Speak loudly and with conviction
Gather the serenity that exists in the world
Hold out your hands to the birds
An eternal flower will grow in your chest
Where silence will cradle the dream

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Irene Bernardt

# 4920



Separam-se constelações. Estrelas fogem. Nos restos de um planeta antigo germinam ideias loucas e a sensação de que deixamos os corpos quentes para trás. A lua caiu.

Constellations break up. Stars run away. In the remains of an ancient planet, the feeling that we have left our warm bodies behind and crazy ideas germinate. The moon fell.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Maria Ankhimyuk

# 4919



encanto

hoje agarrei um pedaço de céu
no dia inebriado a erguer-se dos poemas lilases
que os jacarandás escrevem no chão do parque


charm

today I grabbed a piece of sky
in the inebriated day rising from the lilac poems
that the jacaranda trees write on the ground in the park

Texto | Text: Isabel Pires
Fotografia | Photography: Anna Lundgren

# 4918



Quando morrer, não sei se vou para o céu pelo que faço, se para o inferno pelo que penso!

When I die, I don't know if I'll go to heaven for what I do, or to hell for what I think!

Texto | Text: Sara Viscondessa
Fotografia | Photography: Vilma Serrano

# 4917



Voei até onde o meu olhar pode dançar.

I flew as far as my eyes could dance.

Texto | Text: Maria Ervilha
Fotografia | Photography: Sílvia Bernardino

# 4916



Dos tormentos que me atentam, tu és o mais audaz.

Of all the torments I face, you are the most daring.

Texto | Text: Sandra Francisco
Fotografia | Photography: Giorgos Kitsos

# 4915



24 MM

É bem melhor fechar um por-do-sol dentro dos olhos
Abrir planícies infinitas dentro da íris
Como uma lente com 24mm de diâmetro
E dez mil cores todas diferentes
Fotografar esse instante dentro da córnea
Para sempre
Ver sobreiros como desenhos irreais espalhados pela paisagem
Mulheres gigantes com ventres volumosos encostadas
No meio postes de alta tensão
Iluminados
A disparar balas de eletricidade como farpas
Que nos atingem o peito
E nos deixam eletrocutadas contra o banco
Ficar quieta como uma gazela amarrada no tejadilho
Depois de um dia de caça
Passar por pastagens e ver rebanhos de animais
Reconhecê-los como iguais
Comendo a mansidão e a erva do chão
Na engorda
À espera de ir para o matadouro
Para serem degolados.


24 MM

It's much better to close a sunset inside your eyes
Open infinite plains inside the iris
Like a lens with a diameter of 24mm
And ten thousand different colors
Photographing that instant inside the cornea
Forever
Seeing cork oaks as unreal drawings scattered across the landscape
Giant women with bulging bellies leaning against
In the middle of high-voltage poles
Illuminated
Firing bullets of electricity like barbs
That hit us in the chest
And leave us electrocuted against the bench
Standing still like a gazelle tied to the roof
After a day's hunting
Passing pastures and seeing herds of animals
Recognizing them as equals
Eating the gentleness and the grass on the ground
Fattening up
Waiting to go to the slaughterhouse
To be beheaded.

Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: Carolina Geiger

# 4914



Em quantos dias sem existirmos acabamos por nos perder?

In how many days without existing do we end up losing ourselves?

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Callie Eh

# 4913




O Sol quando se põe, desce devagar e sem pressa, mas mais depressa do que quando nasce, a queda é sempre mais veloz.

The Sun, when it sets, descends slowly and without haste, yet swifter than when it rises; the fall is always faster.

Texto | Text: Sara Viscondessa
Fotografia | Photography: Ana Gilbert

# 4912



Procura-me nos lugares esquecidos, onde a nossa essência possa, sem receio, despontar...

Look for me in the forgotten places, where our essence can emerge without fear...

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Carla Sofia Sousa

# 4911



Cais do Sodré

Despedi-me da rapariga que fui num dia de semana
Útil
Conduzi-a pela mão na plataforma ferroviária
Feminina
Onde se movem mulheres de olhos bagagens
Pesadas
Comprei-lhe um bilhete numa máquina automática
Só de ida e sem validação
Entreguei-lhe um saco que comprei numa loja comum
De conveniência
Onde guardei toda a sua imperfeição
Juntamente com um livro inocente e ridículo
No fundo
Pendurei-lho no braço e meti-a numa carruagem
De segunda classe
Disse-lhe para não voltar.


Cais do Sodré

I said goodbye to the girl I went with on a weekday
Useful
I took her by the hand on the train platform
Feminine
Where women with baggage eyes move
Heavy
I bought her a ticket from an automatic machine
One-way and without validation
I gave her a bag I bought in a regular store
Of convenience
Where I kept all her imperfection
Along with an innocent and ridiculous book
At the bottom
I hung it on her arm and put her in a carriage
Second class
I told her not to come back.

Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: António Carreira

# 4910



Andar irremediavelmente na superficialidade.
Como se a superfície, no seu êxtase, não tivesse um avesso.

Walking hopelessly on the surface.
As if the surface, in its ecstasy, didn't have a reverse side.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Frankie Boy

# 4909



Onde me abrigo das memórias que se recusam a extinguir?

Where can I take shelter from the memories that resist to extinguish?

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Clément Thuault

# 4908



Às vezes é preciso usar a distância: em passos ou silêncios.

Sometimes you have to use distance: in steps or silences.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Elsa Arrais

# 4907



Talvez, um dia, o mundo se esqueça de quem somos e a verdadeira liberdade aconteça.

Maybe one day the world will forget who we are and true freedom will happen.

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Laura Edgerton

# 4906



No lugar das pequenas coisas, guardo os tesouros que me fizeram sonhar.
No lugar das pequenas coisas, guardo as vozes, os sons e os perfumes que me fizeram vibrar.
No lugar das pequenas coisas, guardo a saudade do que nunca fui.

At the place of small things, I keep the treasures that made me dream.
At the place of small things, I keep the voices, sounds and scents that made me feel thrilled.
At the place of the small things, I keep the longing for what I never was.

Texto | Text: Cristina Vicente
Fotografia | Photography: Fang Li

# 4905



CASCALHO
A eternidade é uma rampa de lajes gastas
Que desce até a enseada
Aberta e luminosa como uma manhã sem tempo nem idade
Barcos envelhecidos esquecidos contra o muro
Pescadores que sopram em búzios
Com as mãos em concha
Pela boca
Para um cardume de crianças luzidias
Sem raça
Nuas e felizes
Flores desconhecidas nascem-lhes nos cabelos
Palavras como algas verdes e coisas muito pequeninas
Anunciam um outro mundo
Escorre uma fina e dourada areia por entre os seus dedos
Partículas brilham como cristal na pele
Caem num pequeno balde que levam pendurado
Nos braços
Com estrelas e seres estranhos desenhados nas paredes
Que pescaram no fundo de um não oceano
Correm em bando como cavalos-marinhos psicadélicos
Em direção à praia.

GRAVEL
Eternity is a ramp of worn slabs
That descends to the cove
Open and bright like a morning without time or age
Aged boats forgotten against the wall
Fishermen blowing on whelks
With cupped hands
Through the mouth
To a shoal of bright children
Without race
Naked and happy
Unknown flowers grow in their hair
Words like green algae and very small things
Announcing another world
A fine golden sand runs through their fingers
Particles shine like crystal on their skin
They fall into a small bucket that they hang
In their arms
With stars and strange beings drawn on the walls
That they fished from the bottom of a non-ocean
They run in packs like psychedelic seahorses
Towards the beach.

Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: May Lagopoulos

# 4904



Quando um ente querido está a partir.

Hoje sentei-me com a Jannie na sua cama de morte.
Queria estar a sós com ela, para partilharmos os corações.
Ela teve uma vida longa e maravilhosa.
Está em silêncio, mas olha para mim e, quando ponho a minha mão na sua perna, sinto-me bem.
Vejo-a respirar, inspirar e expirar, inspirar e expirar, consigo ver o cobertor a mexer-se.
Depois, um sentimento incrível de amor toca-me o coração, os nossos corações encontram-se e
Neste momento, somos um só. Nada nem ninguém no meio.
Puro amor. Amor silencioso.

Quando um ente querido se vai embora, o amor fica.
O amor fica.
O amor fica... para sempre.


When a loved one is leaving.

I sat with Jannie on her death bed today.
I wanted to be alone with her, to share heart to heart.
She has had a long wonderful life.
She is silent but looks at me and as I hold my hand on her leg it feels good.
I watch her breathe, in and out , in and out, I can see the blanket moving.
Then and incredible feeling of love touches my heart, our hearts meet and
For this moment we are one. Nothing and no one in between.
Pure love. Silent Love.

When a loved one is leaving, love stays.
Love stays.
Love stays... forever.

Texto | Text: Patricia Blok
Fotografia | Photography: Cristina Vicente

# 4903



Posso morrer tantas vezes de amor por ti que não desapareço.

I can die so many times in love with you that I don't disappear.

Texto | Text: Jorge VAz Dias
Fotografia | Photography: filo_melita_byn

# 4902



Já não quero regressar a esse lugar que chamam casa.

I no longer want to return to that place they call home.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Ray Meller