fotografar palavras
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# 5035
Estou certa de poder emergir com ideias de revolução e liberdades urgentes. Livre. Enfim, livre. Afinal, completa.
I'm sure I can emerge with ideas of revolution and urgent freedoms. Free. At last, free. After all, complete.
Texto | Text: Andreia Azevedo Moreira
Fotografia | Photography: Agnes Burger
# 5034
Invento-nos numa paisagem sem tempo, onde o que somos pode suavemente existir...
I invent us in a landscape without time, where what we are can gently exist...
Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Vanda Cristina
# 5033
Invento mapas. E depois percorro os caminhos que eles indicam.
I invent maps. And then I follow the paths they indicate.
Texto | Text: Paulo Kellerman
Fotografia | Photography: José Luís Jorge
# 5032
Porque te escondes das memórias?
Why are you hiding from memories?
Texto | Text: Renata Barbosa
Fotografia | Photography: Luana Lessa
# 5031
É difícil ser íntimo.
It's hard to be intimate.
Texto | Text: Andreia Azevedo Moreira
Fotografia | Photography: Joana Neves
# 5030
Banais
As Árvores que Morrem
Uma árvore pariu a dor.
Ferida no corte de uma serra
ficou tombada entre o céu e a terra, até morrer.
Sem fauna
sem veias
sem grito
pariu-se no silêncio.
(as dores)
Nas vísceras caladas
fizeram-se lágrima seca
quem dela se viu
quem dela se cuidou.
Não houve coro,
o mundo adormecido
de fauna e flora
viu
olhou
e conteve o choro.
Banais
assim foram chamadas
as dores
de quem sofre de fauna e flora
na alma.
Banais
as árvores que morrem.
(Não existe banalidade na dor de território).
Trivial
The Dying Trees
A tree gave birth to pain.
Wounded by a saw
it fell between heaven and earth until it died.
No fauna
no veins
without a cry
it gave birth in silence.
(the pains)
In the silent viscera
became dry tear
who saw it
who cared for it.
There was no choir,
the sleeping world
of fauna and flora
saw
looked
and held back its weeping.
Trivial
that's what they were called
the pains
of those who suffer from fauna and flora
in the soul.
Trivial
the trees that die.
(There is no banality in the pain of territory).
Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Nadir Social Lens
# 5029
Dança, que o corpo descongela, o coração aquece e a alma reencontra-se.
Dance, and the body will unfreeze, the heart will warm up and the soul will find itself again.
Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Ana Gilbert
# 5028
o amor pode ser
como o atirar de uma pedra
a um vidro que não parte
no entanto, há quem insista
no aborrecimento.
love can be
like throwing a rock
into an unbreakable glass
however, some insist
in that boredom.
Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: Sandra Fine
# 5027
Quando for grande quero escrever, até que a caneta rebente e a tinta me suje as mãos e, com as mãos pintadas, faça arte sobre os erros.
When I grow up I want to write until the pen bursts and the ink gets on my hands and, with painted hands, I make art out of mistakes.
Texto | Text: Cristiana Ribeiro
Fotografia | Photography: Cristina Vicente
# 5026
aceita o silêncio
que não grito
mostra a viagem
que perdi
accept the silence
I do not scream
show the journey
I lost
Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: Anna Papachristou
# 5025
Comove-me sempre, o caminho.
The journey always moves me.
Texto | Text: Maria Ervilha
Fotografia | Photography: Carolina Geiger
# 5024
Não conseguia decifrar em que pensava, o que sentia, a vontade que lhe subia ao peito e faria mover as mãos.
She couldn't decipher what she was thinking, what she was feeling, the desire that rose in her chest and made her hands move.
Texto | Text: Andreia Azevedo Moreira
Fotografia | Photography: Catherine Sclear
# 5023
Tempo é uma invenção dos homens que não creem na imortalidade.
Time is an invention of the men who do not believe in immortality.
Texto | Text: Joana M. Lopes
Fotografia | Photography: Anna Monica Rigon
# 5022
Invento-nos numa paisagem sem tempo, onde o que somos pode suavemente existir...
I invent us in a landscape without time, where what we are can gently exist...
Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Maraia
# 5021
Escuto o tesouro
Aquele que foge
Uma arca com pés guarda-o
Para que eu possa dizer que me foge
O tesouro está aqui quando já não está, direi
É fugidio
É perigoso
É precioso
Uma arca com pés guarda a intimidade.
I hear the treasure
The one who runs away
A chest with feet holds it
So I can say that it escapes me
The treasure is here when it's gone, I'll say
It's elusive
It's dangerous
It's precious
A chest with feet guards intimacy.
Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Vilma Serrano
# 5020
Livres
no voo
dançam
no chão
secas
descansam
outono
em festa.
Free
in flight
dancing
on the ground
dry
resting
autumn
in celebration.
Texto | Text: Mariana Costa
Fotografia | Photography: Cris Ferreira
in flight
dancing
on the ground
dry
resting
autumn
in celebration.
Texto | Text: Mariana Costa
Fotografia | Photography: Cris Ferreira
# 5019
Andar irremediavelmente na superficialidade.
Como se a superfície, no seu êxtase, não tivesse um avesso.
Walking hopelessly on the surface.
As if the surface, in its ecstasy, didn't have a reverse side.
Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Ray Meller
# 5018
olhar para trás consolida
o movimento em sentido contrário
looking back strengthens
the movement in the opposite way
Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: Dean Garlick
# 5017
Só o amor nos distingue.
Only love sets us apart.
Texto | Text: Andreia Azevedo Moreira
Fotografia | Photography: Karen Ghostlaw Pomarico
# 5016
Onde me abrigo das memórias que se recusam a extinguir?
Where can I take shelter from the memories that resist to extinguish?
Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Giorgos Kitsos
# 5015
se nada for isto, o meu corpo
em colapso para a morte,
que seja tudo aquilo, o teu coração
num frenesi de vida
if nothing is this, my body
collapsing to death,
let it be all that, your heart
in a frenzy of life
Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: A. M. Catarino
# 5014
Terão soprado novos ventos daquela costa escarpada, e eu não abanei?
Have new winds blown in from that rocky shore, and I haven't shaken?
Texto | Text: Sofia Melo Esteves
Fotografia | Photography: Frankie Boy
# 5013
Seremos capazes de sentir para além da nossa loucura branca?
Will we be able to feel beyond our white madness?
Texto | Text: Ana Gilbert
Fotografia | Photography: João Maurício Marques
# 5012
Construo, para amanhã, o que ficou aquém no passado.
I build, for tomorrow, what fell short in the past.
Texto | Text: Andreia Azevedo Moreira
Fotografia | Photography: May Lagopoulos
# 5011
O que somos? Pedras em bruto lentamente esculpidas pelo génio da vida.
What are we? Rough stones slowly sculpted by the genius of life.
Texto | Text: Joana M. Lopes
Fotografia | Photography: Callie Eh
# 5010
Perdida no nevoeiro.
She just smoked my eyelids.
Texto | Text: Leonor Dias
Fotografia | Photography: Teresa Maria dos Santos
# 5009
Porque adias o encontro da tua pele na minha? Saberás que o amanhã não existe?
Why do you postpone the encounter of your skin on mine? Do you know that tomorrow doesn't exist?
Texto | Text: Renata Barbosa
Fotografia | Photography: Kika Yuste
# 5008
Terão os anjos bicicletas?
Do angels have bicycles?
Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Sílvia Bernardino
# 5007
Seremos capazes de sentir para além da nossa loucura branca?
Will we be able to feel beyond our white madness?
Texto | Text: Ana Gilbert
Fotografia | Photography: Rui Santos
# 5006
A luz mais intensa pertence ao sol e aos que ousam.
The brighter light belongs to the sun and to those who dare.
Texto | Text; Andreia Azevedo Moreira
Fotografia | Photography: Michèle Polak
# 5005
Dou conta de que este momento sou eu e a minha história. Mesmo se ainda não a sei toda.
I realize that this moment is me and my story. Even if I don't know it all yet.
Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Cristina Vicente
# 5004
Abraça devagar o que se pode perder depressa.
Embrace slowly what can be lost quickly.
Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Madame Liné
# 5003
Vês o hálito que se desprende do mar quando estás distraída?
Do you see the breath rising from the sea when you are lost in thought?
Texto | Text: Ana Gilbert
Fotografia | Photography: Matteo Magni (Ubris Project)
# 5002
Os laivos que tenho em querer morrer são atenuados pela morte que isso causaria à minha mãe.
The inclinations I have about wanting to die are softened by the death it would cause my mother.
Texto | Text: Carina Martinho Coelho
Fotografia | Photography: Elsa Arrais
# 5001
Não sabemos as memórias se não pelos olhos, diga-me então
qual é o cheiro do azul?
qual é o gosto do silêncio em Cage?
diga-me aqui
quais são as palavras-cachimbo Magritte?
quão áspera tornou-se a fotografia do pai?
mas não me diga nada.
Os olhos são vozes, também.
We know memories only through the eyes, so tell me then
what is the smell of blue?
what is the taste of silence in Cage?
tell me here
what are the pipe-words Magritte?
how rough has the father’s photograph become?
but don’t tell me anything.
Eyes are voices, too.
Texto | Text: Vinicius Dias
Fotografia | Photography: Jelena Stankovic
# 5000
Fugir à solidão é solitário.
Running away from loneliness is lonely.
Texto | Text: Paulo Kellerman
Fotografia | Photography: Sónia Silva
Republicação do post # 001 (19-08-2016)
Republished post # 001 (19-08-2016)
# 4999
Há sempre alguma solidão
Em quartos de hotel
Tal como um prenúncio
De escandaleira.
Há quem se suicide
Neles
E há que morra por segundos
Por prazer.
There is always a certain loneliness
In hotel rooms
Like a prelude
To scandal.
Some people commit suicide
There
And some die for seconds
For pleasure.
Texto | Text: Jorge VAz Dias
Fotografia | Photography: Ana Gilbert
# 4998
Viver
verbo
imprevisível
ser
estar
permanecer
sou verbo
(in)flexível
Living
verb
unpredictable
be
stay
remain
I am a verb
(in)flexible
Texto | Text: Cris Ferreira
Fotografia | Photography: Nadir Social Lens
# 4997
Taxímetro
Um génio da física conduz um táxi
Parece um Einstein enlouquecido de cabelo branco
Mudo
Tem no rosto uma poeira dourada de galáxias incógnitas
Corridas sem taxímetro que ficaram por fazer
Morreram no fundo dos seus olhos
Desacelerados pelo amor
Um génio da física conduz um táxi
Usa uma camisa de mangas vincadas
Curtas
Engomada com muitos axiomas
Esquecidos
Proposições que deixa cair nos caminhos
Que já conhece de cor
E que percorre todos os dias
Um génio da física conduz um táxi
Como um autómato mecanizado
Estacionado num único ponto com infinitas rectas
Que lhe atropelam a vida
Desfigurada
Como um sopro de mau hálito
Euclides rejeitado de mãos ao volante
Gestos suaves
Medicados
Há uma poeta sentada no banco de trás
Não indica o destino.
Taximeter
A physics genius drives a cab
He looks like a mad Einstein with white hair
Mute
His face is a golden dust of unknown galaxies
Rides without a meter that were left undone
Died in the depths of his eyes
Slowed down by love
A physics genius drives a cab
Wears a shirt with creased sleeves
Short
Starched with many axioms
Forgotten
Propositions he drops on the paths
That you know by heart
And which he takes every day
A physics genius drives a cab
Like a mechanized automaton
Parked at a single point with infinite straights
Running over his life
Disfigured
Like a breath of bad breath
Euclid rejected with his hands on the wheel
Gentle gestures
Medicated
There's a poet sitting in the back seat
He doesn't indicate the destination.
Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: Luana Lessa
# 4996
eis o meu silêncio na conversa
ruído imenso na minha cabeça
incompreensível, dirão uns
adormecimento, outros
espero que tudo acabe
e as flores primaveris voltem
behold my silence in the conversation
huge noise in my head
incomprehensible, some will say
others : asleep
I hope it all ends
and the Spring flowers return
Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: Carla Sofia Sousa
# 4995
AMANHÃ
Aconteça o que acontecer
vais continuar a ser.
Tu.
TOMORROW
Whatever happens
you will continue to be.
You.
Texto | Text: Maria Ervilha
Fotografia | Photography: Ana França
# 4994
E por vezes
No espaço circunscrito do meu jardim
Olho para o céu
E finjo ouvir o mar
Para ser mais suportável o dia
And sometimes
In the confined space of my garden
I look at the sky
And pretend to hear the sea
To make the day more bearable
Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Maraia
# 4993
De sombras e sóis são feitos os dias. E nós.
From shadows and suns, days are made. And we.
Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Maria Jorge Soares
# 4992
Os dias passam velozes: não vemos os pequenos pormenores como uma árvore a crescer nem os risos das crianças.
The days pass swiftly: we don't see the small details like a tree growing or the laughter of children.
Texto | Text: Vítor Vieira
Fotografia | Photography: Alex Glavtchev
# 4991
Talvez, um dia, o mundo se esqueça de quem somos e a verdadeira liberdade aconteça.
Maybe one day the world will forget who we are and true freedom will happen.
Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Eduardo Vales
# 4990
Somos todas
Juntas
Mulheres alquimistas
De olhos
Além mundo
We are all
Together
Women alchemists
With eyes
Beyond the world
Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Laetitia Graber
# 4989
É a sentir a liberdade dos outros que me acontece ser eu.
It is when feeling the freedom of others that I happen to be myself.
Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Gwen Julia
# 4988
Desconhecia o que tinha dentro até que (se) escreveu.
She didn't realise what she had inside until she wrote (herself).
Texto | Text: Carina Leal
Fotografia | Photography: Cristina Vicente
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