# 4994



E por vezes
No espaço circunscrito do meu jardim
Olho para o céu
E finjo ouvir o mar
Para ser mais suportável o dia

And sometimes
In the confined space of my garden
I look at the sky
And pretend to hear the sea
To make the day more bearable

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Maraia

# 4993



De sombras e sóis são feitos os dias. E nós.

From shadows and suns, days are made. And we.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Maria Jorge Soares

# 4992



Os dias passam velozes: não vemos os pequenos pormenores como uma árvore a crescer nem os risos das crianças.

The days pass swiftly: we don't see the small details like a tree growing or the laughter of children.

Texto | Text: Vítor Vieira
Fotografia | Photography: Alex Glavtchev

# 4991



Talvez, um dia, o mundo se esqueça de quem somos e a verdadeira liberdade aconteça.

Maybe one day the world will forget who we are and true freedom will happen.

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Eduardo Vales

# 4990



Somos todas
Juntas
Mulheres alquimistas
De olhos
Além mundo

We are all
Together
Women alchemists
With eyes
Beyond the world

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Laetitia Graber

# 4989



É a sentir a liberdade dos outros que me acontece ser eu.

It is when feeling the freedom of others that I happen to be myself.

Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Gwen Julia

# 4988



Desconhecia o que tinha dentro até que (se) escreveu.

She didn't realise what she had inside until she wrote (herself).

Texto | Text: Carina Leal
Fotografia | Photography: Cristina Vicente

# 4987



Ficções

Podes sempre ler Pessoa sem nunca tentares ser Pessoa
Citá-lo até à idiotia que nada te acrescenta
Cada um de nós tem os seus teatros internos
Alter-egos monstruosos que tricotamos numa manta
Ponto por ponto
Cada escritor é apenas leitor de si mesmo
Como Dom Quixote foi leitor de Cervantes
E Hamlet espectador de Shakespeare
Disse Borges
Em Outras Inquirições
Um escritor pode ser apenas a ficção de um leitor
O leitor a ficção de um escritor
O resto é literatura
Ou poesia se quisermos
Pensei nisto enquanto comia um sonho com açúcar e canela
À mesa da pastelaria.


Fictions

You can always read Pessoa without ever trying to be Pessoa
Quote him to the point of idiocy that adds nothing to you
Each of us has our own internal theaters
Monstrous alter-egos that we knit into a blanket
Stitch by stitch
Each writer is only a reader of himself
Like Don Quixote was a reader of Cervantes
And Hamlet a spectator of Shakespeare
Borges said
In Other Inquiries
A writer can only be the fiction of a reader
The reader the fiction of a writer
The rest is literature
Or poetry, if you like
I thought of this while eating a dream-cake with sugar and cinnamon
At the pastry shop table.

Texto | Text: Ana Paula Jardim
Fotografia | Photography: Diana V. Almeida

# 4986



Somos todas
Juntas
Mulheres alquimistas
De olhos
Além mundo

We are all
Together
Women alchemists
With eyes
Beyond the world

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Semmada Arrais

# 4985



Olho para as guerras
E os princípios do fim
Como a oportunidade
Para voltar para dentro
Do amor.
Repetir o milagre do
Nascimento
- Do início -
E refugiar-nos nos novos
Milagres.
Fazer amor e caber
Num lugar que parecendo
Intimamente pequeno,
Ser de facto
O novo-mundo
E o milagre do
Novo-Amor.

I look at the wars
And the beginnings of the end
As the opportunity
To go back inside
Of love.
To repeat the miracle of
Birth
- From the beginning -
And take refuge in new
Miracles.
Making love and belonging
In a place that seems
Intimately small,
Is in fact
The new world
And the miracle of
New-Love.

Texto | Text: Jorge VAz Dias
Fotografia | Photography: Carolina Geiger

# 4984



AMANHÃ
Aconteça o que acontecer
vais continuar a ser.
Tu.

TOMORROW
Whatever happens
you will continue to be.
You.

Texto | Text: Maria Ervilha
Fotografia | Photography: Irene Bernardt

# 4983



Um menino
um papel

das dobras
um barco

e a bacia vira mar.


A boy
a piece of paper

from the folds
a boat

and the bowl becomes the sea.

Texto | Text: Cris Ferreira
Fotografia | Photography: Theo Bunge

# 4982



De sombras e sóis são feitos os dias. E nós.

From shadows and suns, days are made. And we.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Gunlög Mjörnheden

# 4981



A natureza é sempre brutal. Não deixa nada por dizer.

Nature is always brutal. Leaves nothing unsaid.

Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Rui Santos

# 4980



Como dar voz ao que sentimos, sem que o caminho entre dizer e escutar não se torne difícil de percorrer?

How can we give voice to what we feel, without the path between saying and listening becoming too difficult to travel?

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Sandra Fine

# 4979



Invento mapas. E depois percorro os caminhos que eles indicam.

I invent maps. And then I follow the paths they indicate.

Texto | Text: Paulo Kellerman
Fotografia | Photography: Bea Berg

# 4978




Somos todas
Juntas
Mulheres alquimistas
De olhos
Além mundo

We are all
Together
Women alchemists
With eyes
Beyond the world

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Anna Papachristou

# 4977





Para onde vai o tempo quando paramos de dançar?

Where does time go when we stop dancing?

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Sílvia Bernardino

# 4976




Para já será um amor-problema. Não tem outra forma possível. E ainda assim é belo.

For now, it will be a love-problem. There's no other way. And yet it's beautiful.

Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Federica (final_girl_7)

# 4975



As palavras ditas no silêncio criam laços com a pele.

Words spoken in silence create bonds with the skin.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: filo_melita_byn

# 4974



Na distância dos dias
Os olhos movem o mundo
por ter escalado
as bolhas da tua respiração...
perdi-me!
Enchi o peito de liberdade e de azul.

In the distance of days
Eyes move the world
for having climbed
the bubbles of your breath...
I lost myself!
I filled my chest with freedom and blue.

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Vanda Cristina

# 4973



Fomos construídos com tempo e pelo tempo. Vê-me. A mim. Pelos teus olhos. E procura-me no âmago da tua memória se for preciso, que essa é impossível apagar.

We were built with time and by time. See me. Me. Through your eyes. And look for me in the depths of your memory if necessary, as that is impossible to erase.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Anna Monica Rigon

# 4972



Como dar voz ao que sentimos, sem que o caminho entre dizer e escutar não se torne difícil de percorrer?

How can we give voice to what we feel, without the path between saying and listening becoming too difficult to travel?

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Elsa Arrais

# 4971



Às vezes é preciso usar a distância: em passos ou silêncios.

Sometimes you have to use distance: in steps or silences.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Agnes Burger

# 4970



Há dias em que a linguagem é inútil.

There are days when language is useless.

Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Ana Gilbert

# 4969



viver é um acontecimento único.
a existência em abnegação ignora a vida.

a minha vida espera de ti o que
eu não lhe soube dar.
é um erro da minha aprendizagem.

(és livre de mim). trauma dirás. sim. selo
sem código postal para a morte
fora do tempo.


to live is an one off event.
to exist in abnegation ignores life.

my life awaits for you to give what
I do not know how to provide.
my learning error.

(you're free from me). trauma, you'd say.
stamp without postal code to the
out of time death.

Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: Marcelo Celeste

# 4968



E por vezes
No espaço circunscrito do meu jardim
Olho para o céu
E finjo ouvir o mar
Para ser mais suportável o dia

And sometimes
In the confined space of my garden
I look at the sky
And pretend to hear the sea
To make the day more bearable

Texto | Text: Cátia Ribeiro
Fotografia | Photography: Maria Jorge Soares

# 4967



Se o mundo permitisse, hoje eu seria pássaro.

If the world allowed it, today I would be a bird.

Texto | Text: Paulo Kellerman
Fotografia | Photography: Teresa Maria dos Santos

# 4966



A felicidade é o Monstro da Bela.

Happiness is Beauty's Monster.

Texto | Text: Sara Viscondessa
Fotografia | Photography: Nadir Social Lens

# 4965



Dizia sempre a verdade, como se a espetasse em território inimigo.

Always telling the truth, as if sticking it into enemy territory.

Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Frankie Boy

# 4964



rosto sulcado, o reflexo de si.
o mundo quando pisava mais um dia. a cheia lua prata. a relva do jardim.
ardor
vagos anos e apenas se deixava ir. por inteiro.

sunken cheeks, the reflection of oneself.
the world while setting foot on another day. the full silver moon. the grass in the garden.
burning
vague years and just letting go. fully.

Texto | Text: Ana Martins
Fotografia | Photography: Luana Lessa

# 4963



À tua espera, passo os dias a inventar razões para o amor.

Waiting for you, I spend my days inventing reasons for love.

Texto | Text: Mónia Camacho
Fotografia | Photography: Maraia

# 4962



Que fogo que não queima
Mas constrói.
Corpo que leva
A surgir mais corpos
Em corpo alheio.
Combustão é um vício
Latente.
As costas que terminam
Na loucuraQue tudo incendeia!

A fire that doesn't burn
But builds.
A body that leads
To more bodies
In someone else's body.
Combustion is an addiction
Latent.
The back that ends
In madness
That sets everything on fire!

Texto | Text: Jorge VAz Dias
Fitigrafia | Photography: Elsa Martins

# 4961



De sombras e sóis são feitos os dias. E nós.

From shadows and suns, days are made. And we.

Texto | Text: Viviane Lucas
Fotografia | Photography: Ana França

# 4960



E se pudesses voltar atrás e reencontrar-te com os momentos que foste vivendo? Reconhecê-los-ias?

What if you could go back and rediscover the moments you've lived through? Would you recognize them?

Texto | Text: Paulo Kellerman
Fotografia | Photography: Cristina Vicente

# 4959



Guardo o fenómeno de todos os dias como se todos os dias fossem um fenómeno.

I keep the phenomenon of every day as if every day were a phenomenon.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Carolina Geiger

# 4958



Murmuraram as ruas o nosso nome, ansiando por nos levarem pela mão...

The streets whispered our name, yearning to take us by the hand...

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia: Photography: Madame Liné

# 4957



O passado não é um prólogo; confiar no presente é sempre um novo capítulo.

The past is not a prologue; trusting in the present is always a new chapter.

Texto | Text: Cristina Vicente
Fotografia | Photography: Cláudia Rosa

# 4956



Perseidas

Decoro e delírio.
Como um díptico, assim emergiu.

Mas depois o sol de Agosto sensualizou este poema e indeferiu.
E eu reescrevi-o como um tríptico: Decoro, delírio e calidez.


Perseids

This was a diptych: decorum and delirium.
Then the August sun overruled.

Triptych it is: decorum, delirium and apricity.

Texto | Text: Ana Sofia Elias
Fotografia | Photography: Michèle Polak

# 4955



Entregámo-nos ao momento.
A pele, a terra desconhecida.
O afrontamento,
A queda para a aventura.
Antes a poesia havia já sido
Nossa.
O que inventámos juntos

~ ou o futuro
~ ou como estacar o tempo

A saudade essa,
Uma banda sonora
Quando baixo ao sonho
Neste leito sem ti.


We surrendered to the moment.
The skin, the unknown land.
The rush,
The fall into adventure.
Before, poetry had already been
Ours.
What we invented together

~ or the future
~ or how to stop time

That longing,
A soundtrack
When I go down to dream
On this bed without you.

Texto | Text: Jorge VAz Dias
Fotografia | Photography: Jelena Stankovic

# 4954



Que importa o mundo nos instantes em que se respira pelo corpo onde mais desejamos ficar?

What does the world matter when you're breathing through the body where you most want to be?

Texto | Text: Catarina Vale
Fotografia | Photography: Vanda Cristina

# 4953



Fomos construídos com tempo e pelo tempo. Vê-me. A mim. Pelos teus olhos. E procura-me no âmago da tua memória se for preciso, que essa é impossível apagar.

We were built with time and by time. See me. Me. Through your eyes. And look for me in the depths of your memory if necessary, as that is impossible to erase.

Texto | Text: Márcia Oliveira
Fotografia | Photography: Federica (final_girl_7)

# 4952



Deus construiu o mundo com banalidades. Delas, fez-se o extraordinário.

God built the world with banalities. From them, the extraordinary was made.

Texto | Text: Ana Miguel Socorro
Fotografia | Photography: Joana Neves

# 4951



Fui a Oriente e lá
encontrei o novo mundo
intocável e fascinante

Fui a Oriente e de lá
voltei sem vontade

Fui a Oriente e deixei
minh'alma apaixonada por ti


I went East and there
I found the new world
untouchable and fascinating

I went East and from there
I didn't want to return

I went East and left
my soul in love with you

Texto | Text: José Manuel
Fotografia | Photography: Ana Martins

# 4950



eu a vejo pelos cantos
a murmurar preces vazias
eu a vejo pelos cantos
a chorar mágoas suspeitas
a cada passo pela casa
as paredes são sujeitos
em cada passo dessa casa
a morte grita pelo avesso

de meu peito sangram vozes
a vazar pelos meus dedos
ela para frente à porta
seu olhar de desespero
uma sombra-gente morta
possuindo-me inteiro
fala pela minha boca
sua voz que cala os outros


I see her in the corners
whispering empty prayers
I see her in the corners
crying suspicious sorrows
every step through the house
the walls become subjects
in every step of this house
death screams from the reverse

from my chest, voices bleed
through my fingers, they spill
she stands before the door
her desperate gaze will
a shadow-people lying dead
possessing me in the whole
speaks through my empty head
her voice silences their sway

Texto | Text: Vinicius Dias
Fotografia | Photography: Matteo Magni (Ubris Project)

# 4949



- Ouves o sussurro do tempo?

- Can you hear the whisper of time?

Texto | Text: Ana Gilbert
Fotografia | Photography: Peter A. Gilbert