Existir no teu som
Sentir a tua não existência é a dor favorita,
Embalo-te até te tornar esse som,
Quando o silêncio devolve o teu eu por nascer.
Uma vida inteira não te afasta,
Abraço-te uma vez e outras mais,
Até me sentir livre e afortunada,
Por ganhar a tua presença na ausência.
E nos teus passos colo os meus compassos,
No ritmo ténue do piar de uma coruja,
Que rasga o infinito tempo
Sem que a raiz da memória fuja.
Pois essa é a suave inocência
Que estimo e à qual estou condenada.
To be that sound
Missing your nonexistence is the favorite pain,
I cradle you until becoming that sound,
When silence returns your unborn self.
A lifetime doesn’t keep you away,
I embrace you once and many more times,
Until I feel free and fortunate,
To gain your presence in absence.
And in your steps, I glue my paces,
In the faint rhythm of an owl’s hoot,
Tearing through infinite time
Without letting the roof of memory escape.
For that is the gentle innocence
I cherish and to which I am condemned.
Texto | Text: Mafalda Carmona
Fotografia | Photography: Mariana Costa
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